Otite (infecção no ouvido) de criança
Otite (infecção no ouvido) de criança é comum. Aqui você aprende a identificar, tratar e evitar complicações. Veja os sinais que importam: dor, febre, irritabilidade e secreção; como os médicos fazem o diagnóstico; o tratamento passo a passo; quando usar antibiótico; cuidados na otite externa; quando a cirurgia é necessária; prevenção com vacina, amamentação e higiene; o que fazer em urgência; e como proteger a audição do seu filho.
Principais pontos
- Você pode notar dor no ouvido, puxar a orelha, choro ou febre.
- Procure um médico e evite dar remédio sem orientação.
- Tome os remédios exatamente como o médico pediu.
- Mantenha o ouvido seco e trate o nariz entupido.
- Volte ao médico se sair líquido, a dor piorar ou a criança ficar muito sonolenta.
Otite (infecção no ouvido) de criança — definição, tipos e importância
A otite em crianças refere-se a processos inflamatórios e infecciosos do ouvido, especialmente da orelha média e do conduto auditivo externo. É frequente na pediatria e pode causar dor intensa e risco de sequelas auditivas quando não manejada adequadamente. O termo engloba categorias clínicas com diferentes implicações terapêuticas e prognósticos.
Relevância:
- Alta prevalência nas primeiras décadas de vida.
- Impacto no sono, alimentação e desenvolvimento da linguagem.
- Risco de complicações como perfuração timpânica, colesteatoma e perda auditiva condutiva quando recorrente.
- Custos familiares e de saúde pública associados a consultas, medicações e intervenções cirúrgicas.
Marco histórico resumido
- Século XIX/XX: consolidação da otologia e invenção do otoscópio, facilitando o diagnóstico.
- Década de 1940: antibióticos transformaram o manejo.
- 1960–1980: tubos de ventilação para efusão e otites recorrentes.
- Final do século XX/início do XXI: vacinas pneumocócicas mudaram a epidemiologia.
- Século XXI: ênfase na conduta expectante em casos selecionados e uso racional de antibióticos.
Nota histórica: a evolução do conhecimento sobre otite em crianças reflete a interseção entre tecnologia diagnóstica, terapêutica e políticas de vacinação.
Primeiros meses de vida e risco de OMA em lactentes
Nos primeiros meses há maior vulnerabilidade por fatores anatômicos (trompa de Eustáquio mais horizontal), imunológicos (imaturidade) e ambientais (exposição a creches, fumo). Em lactentes, sinais são menos localizados: irritabilidade, recusa alimentar, distúrbio do sono e febre. Reconhecimento precoce é crucial.
Agentes causadores e categorias clínicas
A otite em crianças pode ser viral, bacteriana ou, menos frequentemente, fúngica (otite externa). Principais categorias:
| Categoria clínica | Agentes mais comuns | Características principais |
|---|---|---|
| Otite média aguda (OMA) | Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae nontypeable, Moraxella catarrhalis, vírus respiratórios | Dor, febre, tímpano hiperemiado/abaulado |
| Otite média com efusão (otite serosa) | Reação pós‑infecção, obstrução tubária | Efusão sem sinais agudos; surdez condutiva transitória |
| Otite externa | Pseudomonas, Staphylococcus aureus, fungos (Aspergillus, Candida) | Inflamação do conduto, prurido, dor ao movimentar o pavilhão auricular, secreção |
Importante distinguir as categorias porque tratamento e prognóstico diferem. Entre os vírus respiratórios que podem preceder ou acompanhar otites, destacam‑se agentes como o metapneumovírus, que ilustram a relação entre infecções respiratórias e doenças do ouvido médio.
Sinais e sintomas cronológicos
Evolução típica:
- Fase inicial (horas–24 h): irritabilidade súbita, início de otalgia, febre.
- Fase progressiva (24–72 h): dor e febre intensificam; possível perfuração com saída de secreção purulenta.
- Resolução: redução da dor, drenagem e cicatrização; efusão pode persistir semanas.
- Crônica/recorrente: episódios repetidos e risco de perda auditiva condutiva.
Dor de ouvido por faixa etária
- Lactentes (0–12 meses): irritabilidade, recusa alimentar, choro; otoscopia essencial.
- Crianças pequenas (1–3 anos): puxar a orelha, queixa de dor, alteração do sono e apetite.
- Crianças em idade escolar (>4 anos): relato preciso de dor, diminuição auditiva, colaboração no exame.
Febre e gravidade
A febre é comum; sinal de maior gravidade: febre alta persistente (>39°C), prostração, sinais neurológicos — exigem avaliação urgente.
Diagnóstico em otorrinolaringologia pediátrica
Exames:
- Otoscopia: essencial para ver tímpano (hiperemia, abaulamento, perfuração).
- Otomicroscopia: visão ampliada em ambiente especializado.
- Timpanometria: avalia mobilidade timpânica e efusão (curvas A/B/C).
- Audiometria: indicada em efusão persistente ou suspeita de perda auditiva.
- Culturas e imagem: apenas quando há drenagem persistente ou suspeita de complicação (mastoidite, abscesso).
Critério prático para OMA: sintomas agudos (dor, febre) achados de otoscopia compatíveis com inflamação. Para orientações práticas e sinais que ajudam na identificação, veja como diagnosticar otite em crianças.
Procedimento diagnóstico em passos:
- Avaliar sinais vitais e estado geral.
- Anamnese (duração da dor, febre, contato com creche, histórico de otites).
- Otoscopia com iluminação adequada.
- Timpanometria se disponível.
- Exames adicionais conforme evolução.
Tratamento inicial por etapas
Manejo escalonado conforme gravidade e idade:
- Analgesia e controle da febre: paracetamol e/ou ibuprofeno conforme idade/peso.
- Conduta expectante: em crianças >6 meses com OMA sem sinais de gravidade, observar 48–72 horas. Reavaliar.
- Antibiótico: indicado <6 meses, OMA severa, perfuração com drenagem purulenta, ou falha da observação. Amoxicilina é primeira linha em muitos casos.
- Duração: geralmente 7–10 dias; regimes abreviados possíveis conforme idade e resposta clínica.
- Otite externa: terapia local com gotas antibióticas ± corticosteroide após limpeza do conduto.
- Efusão (otite serosa): observar por até 3 meses se assintomática; reavaliar se persistir.
Para orientação prática aos cuidadores sobre medidas iniciais, analgesia, conduta expectante e quando procurar atendimento, consulte tratamento e quando procurar médico.
Lista ordenada de condutas iniciais:
- Analgesia adequada.
- Escolher conduta expectante vs antibiótico.
- Ajustar agente e dose se optar por antibiótico.
- Reavaliar 48–72 horas.
- Encaminhar a otorrinolaringologia se recorrência ou persistência.
Antibiótico para otite — indicações e cuidados
Indicações claras: <6 meses, OMA severa, perfuração com drenagem purulenta, falha da conduta expectante. Amoxicilina em alta dose é frequentemente primeira escolha; em alergia, usar alternativas conforme perfil. Orientar pais sobre reações adversas, completar o curso e retornar se piora.
Essencial documentar a indicação e orientar cuidadores sobre sinais de alarme.
Manejo da otite externa
Objetivos: aliviar dor, erradicar agente, reduzir inflamação. Passos:
- Limpeza do conduto por profissional.
- Gotas otológicas com antibiótico ± corticosteroide.
- Analgesia sistêmica se necessário.
- Otite externa maligna (diabéticos/imunocomprometidos) exige avaliação e terapia sistêmica.
Prevenção: evitar inserir objetos no ouvido, secar bem após natação e usar protetores quando indicado.
Quando a cirurgia é necessária
Intervenções:
- Timpanostomia com tubos de ventilação: indicada para efusão >3 meses com perda auditiva documentada ou otite média aguda recorrente (ex.: ≥3 episódios em 6 meses ou ≥4 em 12 meses).
- Adenoidectomia: pode ser adjuncta em crianças >3 anos com hipertrofia adenoideana contribuindo para obstrução tubária.
Pré‑op: avaliação audiológica/timpanométrica e discussão risco/benefício. Resultados: redução de episódios e melhora auditiva na maioria; limitações incluem possibilidade de queda/obstrução dos tubos.
Decisão cirúrgica deve ser individualizada.
Complicações possíveis
- Otite recorrente: maior chance de efusão crônica e alterações timpânicas.
- Complicações raras mas graves: mastoidite, abscessos, meningite.
- Perfuração timpânica crônica e colesteatoma.
- Perda auditiva condutiva por efusão crônica, impactando fala e aprendizado. A impacto e prevenção da perda auditiva são abordados pela OMS, com orientações sobre triagem e medidas de saúde pública.
Sinais de alerta: dor severa persistente, exsudato purulento contínuo >48–72 h, febre alta com sinais neurológicos, edema retroauricular ou desvio do pavilhão — buscar avaliação imediata.
Identificação precoce de complicações é crucial.
Prevenção da otite infantil: vacinação, amamentação, higiene e evitar fumaça
Medidas que reduzem risco de Otite (infecção no ouvido) de criança:
- Vacinação: vacina pneumocócica conjugada e influenza. Informações oficiais sobre a vacina pneumocócica para prevenir otites.
- Amamentação exclusiva até 6 meses reduz infecções respiratórias e otites; orientações sobre alimentação de mães lactantes e técnicas de amamentação podem apoiar esse objetivo.
- Evitar exposição a fumaça de tabaco.
- Posicionamento durante alimentação (evitar mamadas totalmente em decúbito supino), reduzir uso de chupeta e manejar alergias nasais — ver abordagens para rinite alérgica quando relevante.
- Práticas de higiene e evitar ambientes lotados durante surtos.
Lista de medidas preventivas:
- Vacinação conforme calendário (pneumococo, influenza).
- Incentivo à amamentação exclusiva — técnicas e suporte podem facilitar a manutenção do aleitamento.
- Evitar exposição à fumaça do tabaco.
- Reduzir exposição a ambientes fechados e multidões em surtos.
- Tratar rinites e adenoidite que obstruam a trompa de Eustáquio.
Cuidados domésticos para reduzir dor e secreção
- Controle da dor e febre com paracetamol/ibuprofeno conforme orientação.
- Não introduzir hastes ou objetos no conduto.
- Limpar aurícula externa com gaze; recolher amostras apenas por profissional.
- Compressas mornas para alívio.
- Procurar atendimento se houver piora, febre alta, secreção purulenta persistente ou sinais de desidratação.
Forneça instruções escritas sobre doses e sinais de retorno ao serviço de saúde.
Seguimento e reabilitação auditiva
- Reavaliação 4–6 semanas após episódio agudo.
- Audiometria se efusão persistente >3 meses ou sinais de perda auditiva.
- Encaminhamento para fonoaudiologia em casos de atraso de linguagem.
- Considerar tubos de ventilação se efusão crônica/repetida.
- Em perda auditiva permanente, avaliar aparelhos de amplificação.
Plano de seguimento:
- Reavaliação clínica em 4–6 semanas.
- Avaliação audiométrica se necessário.
- Encaminhamento para reabilitação quando indicado.
- Planejamento cirúrgico em casos persistentes.
Marcos terapêuticos (resumo)
- Antibióticos (1940s) reduziram complicações.
- Técnicas cirúrgicas (1960–1980) com tubos transtimpânicos.
- Vacinas pneumocócicas mudaram o perfil microbiológico.
- Atual: conduta expectante em casos selecionados para reduzir resistência.
Cada avanço reduziu gravidade e sequelas, mas a prevenção completa ainda é desafio.
Indicações de urgência e sinais de alarme
Procure atendimento imediato se houver:
- Prostração, recusa alimentar, sinais de desidratação.
- Febre alta persistente (>39°C) não responsiva.
- Secreção purulenta abundante.
- Sinais neurológicos (cefaleia intensa, vômitos persistentes, rigidez de nuca, convulsões).
- Edema retroauricular ou desvio do pavilhão (possível mastoidite).
Procedimentos urgentes: avaliação clínica/otoscópica imediata, antibiótico IV e imagem se complicação suspeita; encaminhamento cirúrgico quando indicado.
“Prostração, febre alta e secreção purulenta em criança com otite indicam possível complicação — avalie urgentemente.”
Estratégias públicas e familiares para prevenção e redução da perda auditiva
- Imunização ampla e programas de educação sobre amamentação e redução do tabagismo.
- Protocolos para uso racional de antibióticos.
- Triagem auditiva neonatal e acompanhamento de crianças com história de otites recorrentes.
- Integração entre atenção primária, pediatria e otorrinolaringologia.
Lista de estratégias:
- Garantir vacinação conforme calendário.
- Apoiar amamentação e ambientes livres de fumo; orientação no pré‑natal e pós‑natal fortalece essas práticas.
- Implementar triagens auditivas e educação sobre sinais de alerta.
- Promover uso racional de antibióticos.
- Facilitar acesso a otorrinolaringologia e reabilitação auditiva.
Para apoiar as famílias, também é útil oferecer orientações práticas sobre rotina saudável e bem‑estar parental, incluindo estratégias em guias como dia a dia mais saudável e técnicas de suporte emocional para mães, como em métodos de relaxamento.
Gráfico ilustrativo: Incidência estimada de Otite Média Aguda por faixa etária
0–1 ano
1–2 anos
2–4 anos
5–8 anos
9 anos
30%
45%
35%
20%
10%
Observação: gráfico ilustrativo com valores estimados da incidência relativa de OMA por faixa etária; varia conforme população e ambiente.
Conclusão
Você tem agora o essencial para agir com segurança quando seu filho tem Otite (infecção no ouvido) de criança. Reconheça os sinais principais — dor, febre, irritabilidade, secreção — e procure um médico em vez de medicar por conta própria. Analgésicos e medidas simples aliviam no curto prazo. Em muitos casos, a conduta expectante por 48–72 horas é suficiente; o antibiótico é indicado quando há critério clínico claro (lactentes, dor intensa, perfuração, febre alta ou falha da observação). Mantenha o ouvido seco, trate o nariz obstruído e siga vacinas e aleitamento materno como medidas preventivas. Efusões persistentes merecem reavaliação para proteger a audição. Se surgir prostração, febre alta, secreção purulenta ou sinais neurológicos, busque urgência imediatamente.
Otite bem tratada costuma evoluir bem. Não adie a avaliação — você faz diferença no conforto e no desenvolvimento do seu filho. Quer aprofundar? Visite https://plantaosaude.com.
Perguntas frequentes
- Como saber se seu filho tem otite?
Dor de ouvido, puxar a orelha, choro forte e febre são sinais. Verifique secreção ou recusa em comer. - O que é Otite (infecção no ouvido) de criança?
É a inflamação do ouvido médio ou externo por vírus ou bactéria, causando dor e possível perda temporária de audição. - Quando levar ao médico?
Se a dor é intensa, febre alta ou sintomas duram >48 horas. Procure atendimento imediato se houver pus saindo do ouvido. - Dá para tratar em casa?
Alguns casos leves podem receber analgésicos e compressas mornas, mas sempre siga orientação do médico. - Sempre precisa de antibiótico?
Nem sempre. O médico decide conforme idade e gravidade. Muitos casos melhoram sem antibiótico. - Colírios ou gotas ajudam?
Gotas só se indicadas pelo médico; não coloque nada no ouvido sem orientação. - Como aliviar a dor rápido?
Paracetamol ou ibuprofeno na dose certa e compressa morna ajudam. - Como evitar recidiva?
Vacine, lave as mãos, evite fumaça de cigarro, mantenha nariz limpo e incentive amamentação — para dicas práticas de apoio à amamentação veja artigos sobre técnicas de amamentação e contato pele a pele. - Nadar causa otite?
Água pode aumentar risco de otite externa; se nadar, seque bem as orelhas e use tampões se indicado pelo médico. - Quais sinais de complicação vigiar?
Perda auditiva persistente, febre alta, rosto inchado, marcha alterada ou comportamento anormal — retorne ao médico.

